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Valsa

  • Foto do escritor: Clara Godoy
    Clara Godoy
  • 21 de mar. de 2023
  • 2 min de leitura

Acho que amadureci. Me parece. Por que a dor, apesar de me incomodar, não me incapacita mais. Consigo respirar. Consigo ser livre. QUERO ser livre. Amo ser livre.


As amarras do amor dele não podem me segurar por muito tempo. Até o cheiro de seu cachecol demasiadamente demorar a sumir, como se seu cheiro não fosse nada mais que lembrança em minha cabeça. Pelo volume de perfume naquele frasco, ele logo acabará. E esse cheiro que hoje sinto pertencerá a outro homem, certamente.


Não que eu queira que seu rosto seja apenas lembrança, sua risada memória e seu sorriso apenas uma parte de mim que foi embora com ele. Amaldiçoo todos os males que vem rápido, toda intensidade, toda confusão. De tudo, não foi confuso. Apenas o imediatismo, a necessidade de me ter, sempre, constante. Para me abandonar na dificuldade. Para ir embora sem olhar para trás. E a única mensagem que concorda ser meu adeus caloroso, do qual de uma reação, não senti se não frieza.


Agora vejo outra reação. Me pergunto, confusa, se eu um dia ir até aquele café pela primeira vez, tomar um chá, e ler meu livro, se te encontraria por lá. Se em todos os lugares, dentre todas as pessoas, todas as possibilidades e todos os universos, se meu destino me permitira reencontrar com você.


É isso que desejo? Certamente que não agora, como um beija flor, de asa machucada. Você sangra muito. Não posso, nem consigo, estancar suas feridas. Só espero que, depois disso, depois do nosso passado, que não seja ela a curar suas feridas. Se é que ela tem essa capacidade.


Deveria estar focada em meus estudos. Minha matéria, meus livros. Mas não consigo. O rosto dele vai esvanecendo na minha cabeça e eu, teimosa, me recuso a ver nossos registro. Nosso passado. Nós.


Quero fazer direito. Quero começar certo. Quero tentar de novo. Quero ir lentamente. Quero outro primeiro encontro. Os segundos, os terceiros, os quartos encontros. Nosso novo primeiro beijo. A primeira vez que você me convida para a sua nova casa. A primeira vez do que ainda não tivemos.


Embora isso nem seja futuro, se sequer é possibilidade na sua mente, gostaria que assim fosse.


Não posso te chamar de amigo, nem consigo mais te chamar de amor. Outro apelido que pensei é muito cínico, o outro muito meloso.


Somos a serpente e o rato. Temos compatibilidade. Seu destino é ser acabado pelo meu. Será que isso é verdade?


Descobri que somos opostos. Eu sou Ying, você é Yang. Eu sou o lado preto da esfera, e você é o branco. Nos complementamos?


Me lembra do xadrez. Posso te chamar de torre? Ao final talvez perceba que seja mais parecido com um peão, ou bispo. Até uma Dama. A volatilidade, o controle, o movimento.





 
 
 

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