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Maresia

  • Foto do escritor: Clara Godoy
    Clara Godoy
  • há 5 dias
  • 2 min de leitura

O campo verdejante se estende a frente. A grama, convidativa. Eu dou meia volta. Piso na areia. Encaro o mar verde na minha frente. Perco a linha de pensamento. Entro na água. Primeiro, com meus pés. Depois, o torso. A cabeça. Os olhos. A alma.


Não consigo me concentrar. Eles me seguem em todos lugares. Seus olhos verdes me seguem em todos os lugares. E eu aqui me sinto observada. Quando eu olho no fundo deles, eu derreto e me junto. A água verde deles. Ao cheiro da maresia e o sotaque carregado. O cheiro do vento salgado. Sua boca. Sua língua salgada.


Enquanto eu me perco na água salgada, recobro a consciência. Ei, ei, ei. "Tudo bem por aí?"


Ás vezes me perco nesse olhar. E lembro de quando você me olhou de cima abaixo. Estou presa nesse olhar. Estou presa nessas pupilas. Fez um carinho na minha coxa e seguiu em frete.


Mas agora, agora estou afundando nesse olhar. A água clara e eu afundando. E o sentimento aprofundando. E eu girando. E eu me libertando.


Não consigo esquecer a ternura daquele olhar. Não senti uma pontada do que deveria sentir. Senti um abraço caloroso, e me veio um calor inexplicável. Um sentimento quente. De ternura.


O som das ondas ecoa na minha mente. O olhar me segue. E eu recobro a consciência junto com a culpa.


Aqui se passaram 3 segundos. No mundo real. Na vida real do planeta terra.


Mas no meio da minha mente, passaram-se longas horas de maresia. Voltei para a areia. Nessa cidade, preciso de um guia. Nesse mar, preciso me desafogar. Me sinto afundando e criando raízes fortes me prendendo. Me sinto maturando um sentimento forte.


Hoje, eu percebi uma coisa. Percebi que eu preciso mergulhar de cabeça nesse verde. Que preciso deixar as dúvidas sobre o snorkel para fora. As conchas irão me guiar.


Como da primeira vez que escrevi sobre o mar, a maré e a maresia.


Ó lua


Me oriente nessa noite de maresia


Estou boiando a te observar


Nesse mar esverdejante.


Não consigo, não quero mais sair.


E eu afundo


E afundo


E eu corto alguns corais doloridos


Piso em ouriços do mar


Estou machucada, estou quebrada, dos meus antigos amores. Ofereço uma concha quebrada.


Ó lua


Abeçoe essa maresia


Tire meu medo de afundar


Afinal


Já estou a 20 metros submersa

 
 
 

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