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[Sangue e Repulsa] Capítulo 2

  • Foto do escritor: Clara Godoy
    Clara Godoy
  • 30 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Aftermath


O telefone fora do gancho. A mulher estava extremamente preocupada. Há 10 minutos atrás, segurava o mesmo telefone desesperada.


"Heitor? Isso, André Heitor. Hemorragia?"


Errática. Frenesi


A mãe liga para o táxi vermelho e branco, aos prantos.


" O hospital Santa Carolina... Sim! Crédito. Quantos minutos?


A emissária do caos está monitorando a sala de espera. Ela foi chamada a supervisionar a saúde frágil e o cuidado hospitalar do garoto. Recebeu como promessa de pagamento: um maço de cigarro, uma puta e um carteado para de jogar. Ela era barata. Pelo menos estava fazendo um favor para uma companheira. Não podia enfiar a faca no preço de seu serviço.

Ela olhava para a janelinha na porta do quarto.


"E querem que eu supervisione o idiota que desafiou Andromeda. Ele não preza nem pela própria vida. Mesmo que não tenha consciência do que ela é, como eu sei."


A mãe chegava. Como se fosse um flashback em sua cabeça, se lembrava da última internação do filho. Não deixava de oferecer suas orações a um Deus ausente, que nunca protegeu seu filho.


Tudo estava se repetindo.


"Alguém bateu nele. Depois de sangrar ele não tratou a ferida e foi perdendo sangue gradualmente. Seu filho perdeu muito sangue. Ele está recebendo transfusão agora mesmo. Mesmo com nossos bancos de sangue AB baixos, conseguimos reunir o sangue que ele precisa."


A mãe se sentava na poltrona hospitalar ao lado da cama e segurava a mão do filho inconsciente. "Como tudo isso pode ter acontecido?" - Ela pensava.


De certo que aquele garoto quando sair do hospital, não irá mais falar com Andromeda. De certo nunca vai mais repetir aquela atrocidade. Para uma sobrehumana que controla metais.


Com a sua boca no rosto do garoto e seus dedos em posição de conjuração, ela foi puxando o ferro, e consequentemente o sangue dele, aos poucos. Ela flertava, ela gemia... assim que ele viu o mundo girar, ela cuspiu no rosto dele.


A emissária do caos ia se afastando da porta e passando pela entrada do hospital.


Mas antes de fumar o maço prometido, ou transar com a puta que o ofereceram, ela resolvia andar pela cidade, sem rumo.


As ruas estavam molhadas da chuva de final de tarde. O céu chorava a margem de mais uma violência cometida.


A emissária do caos sabia onde encontrar Andromeda. Então, chamava um táxi no meio da Avenida.


"Me leve a fundação oscar americano"


Na selva de pedra, andava em direção, andava em direção aquele grande casarão por entre as árvores e a fonte de água jorrava fazendo u baixo som de queda de água por dentre a mansão. Sim, aquele lugar era lindo


"Você jogou fora sua chance de se casar com ele"


"Cale a boca"


Alguns minutos se passavam


"Por que todos os humanos são assim? Imperfeitos. Mas mesmo assim cheios de si. De certo a raça mais burra do universo"


"Eles nunca vão entender a sua insignificância"


"Você não tinha uma puta para comer"


"Você não tinha que se esconder da polícia? Venha, te levo no cabaré"


"É... realmente minha melhor opção é essa"


O ar ali tinha o cheiro da grama molhada que cobria a maior parte do terreno.


A noite era uma criança. Enquanto andavam até o cabaré, não muito longe dali, seus passos ecoavam pelas ruas solitárias da cidade que nunca dorme.


Por que Andromeda violentou aquele pobre menino?


"De pobre não tem nada..."


Os pensamentos frenéticos vinham e voltavam. Ela ilhava para o céu. Mesmo acompanhada, se sentia sozinha.


A música alta do cabaré poderia ser ouvida do começo do quarteirão de onde se localizava. Naquela noite, ela iria beber até cair. Naquela noite, ela iria beber até esquecer que bateu naquele desgraçado sorridente. E a cada soco ele ria mais e mais do seu destino.


Naquela noite, o único ruído que se ouviu foi a sirene da ambulância que ela chamou, para em seguida ligar para a emissária.


"Deu merda aqui. Tenho um trabalho pra você. Um maço, uma puta e um carteado. Rua Crasso. Praça. Vem rápido"


Não houveram testemunhas ao crime se não a Lua. E isso tranquilizava Andromeda.


"Quero esquecer essa merda..." - Pensava, engolindo o quarto copo de whisky. O barman flutuava, na visão tonta e bêbada dela. Olhando para a mesa ela a via girar. O homem que a servia tinha dois olhos, duas bocas e dois narizes. Enquanto a emissária se divertia com a sua consorte, ela xingava a televisão do bar e os apresentadores do jornal da madrugada.


" Heitor..."


No dia seguinte, na porta do cabaré, se veria a fumaça do cigarro da emissária e Andromeda, com enxaqueca e ressaca, estava estatelada no chão da entrada. Recobrou a consciência das merdas que tinha feito na noite anterior, lançando um longo e profundo suspiro.


O dia raiava. É um novo dia. No hospital, o garoto acorda. Que se inicie a perseguição


 
 
 

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