[Sangue e Repulsa] Prólogo

Suas palavras, pronunciadas de forma lenta e vagarosa, me dão repulsa. Nojo. Ânsia. Mal estar.

Por que, ainda que por um instante, você acharia plausível tomar a palavra, em um palco só seu, e falar a barbaridade que disse? Em qual recorte daquela, até aquele momento, bela noite, te passou pela cabeça de que, as palavras que cruzaram a sua mente ao que eu disse o meu comentário, pudessem ser proferidas sem receio, e ainda, depois de serem pronunciadas, seu deboche com a minha indignação servir como combustível para que você dissesse a si mesmo "Eu não estou errado"

"Se você um dia recorrer a violência, peço que depois do fato, me beije com vontade e gosto enquanto meu sangue escorre"

"E se provar meu sangue por meio disto, engula com prazer, já que, todos sabemos que você me ama tanto assim"

Depois de proferidas as palavras, e me convidar a beber do seu putrefato líquido que escorre e corre dentre suas veias, cuspi na sua cara, por puro desgosto. Naquele momento, me perguntei o por quê de ter achado, em sua ingênua e decadente mente, que, nesse universo e em qualquer outro possível, essa afirmação repulsiva e desvanecida merecia ter sido pronunciada ou tinha lugar.

No ar, o cheiro de ferro incessante preenche o ambiente insistentemente. O universo paira, seguro por um fio. A linha é tecida e os fios do destino voltam a se entrelaçar, manchando de vermelho o sangue preto que escorre. O óleo, o pneu, o tronco. A sala se pinta de naquim. Em uma sala branca, se mancham as paredes de vermelho púrpura, aquele que corre nas veias do que proferiu as frases.

Andromeda, não diz uma palavra. A emissária do caos não está presente. Ela olha o menino, que se diz homem. Depois do cuspe sua expressão é enigmática. Ela se mantém firme.

Seu silêncio, agora que já proferidas as palavras, indica não só a repulsa, mas a esperança de um motivo torpe.

Isso...

...Isso.

Sangre...

...Sangre

... Sangre

Para

Mim

Mais...

... Mais ... Mais forte

Oh!

Cuidado,

Ao que parece,

Essa hemorragia

Irá

Te matar

[...]

!!!