O inverno
- Clara Godoy
- 6 de jan. de 2022
- 1 min de leitura
Observo da minha janela os primeiros flocos deveve descendo ao chão. A estação de chuva já passou e agora um vento mais frio sopra. Levantando minha franja sinto esse vendo gélido percorrendo meu corpo por inteiro.
Por aqui, as folhas já caíram e só restam os galhos macabros e escuros, como espinhos, e suas sombras e entranhas aparentes ao cair do sol. A neve, se acumula nos galhos e no chão, mas não há uma alma que possa ouvir meus passos.
Estou sozinha nesse bosque. Dentro de um gélido portão trancado, jazem os restos de uma pessoa que fui eu.
Não há vivalma que esteja nesse jardim. As flores, murcharam todas em uma cacofonia de marrons, os mesmos das folhas que caíram. Não cantam mais os passarinhos, nem os esquilos se refugiam nas árvores com seu estoque de comida, prontos para mais uma temporada fria.
Não há risadas, e o único som que se ouve é do vendo uivante na noite, recitando poemas de amor. Não há luz a não ser a lua, que sempre de longe observou o bosque florido. Ela que está presente em todas as estações, a menos que ela mesma se encontre escura.
Estou no centro do bosque, ouvindo o vento uivante e vendo as sombras confusas dos galhos despidos. O bosque está trancado, embora eu saiba onde está a chave. Mas não irei sair, tampouco abrir o ferro e ouvir o rangido do portão de ferro. Não
Me sento na neve. Fecho meus olhos e me deixo contagiar pela atmosfera inebriante. Vou ficar aqui mais um pouco.
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