Libertação/Borboleta-Lilás-Fosforecente
- Clara Godoy
- 14 de jun.
- 2 min de leitura
Fico imaginando. Me pego pensando. Se ela está nessa para achar uma falha minha. Fico imaginando. Fico pensando. Será que ela quer se meter no meio da minha vida e sair espalhando o que tem acontecido? Será que ela lê meus textos e passa resenhas para a comunidade?
Tudo me dá ansiedade disso. Me aproximar de pessoas que abomino. De elas saberem das minhas aspirações. Meus sucessos. Torcer pelas minhas falhas.
Antigas amigas, antigo de tudo. De novo, só o sentimento de libertação. De velho, a insegurança, o medo. Mas ninguém lê meus devaneios. Não deveria me preocupar.
Desde que me libertei disso me sinto mais leve. Mas a simples notícia de algo me abala. Acho que não me livrei completamente. Preciso esquecer isso. Preciso relevar. Pela minha sanidade
Fico imaginando. Me pego pensando. Se algumas delas tem interesse no que tem acontecido. Se eu vou escolher não estar em lugares que elas poderiam estar por puro desgosto. Se elas não ligam. Elas não ligam. Não preciso me perguntar. Não preciso indagar. É fato. Essas pessoas nem ligam para o fato que eu existo.
Então por que é tão difícil me libertar disso? Sabendo que elas não poderiam ligar menos, por que EU não consigo ligar menos? Por que eu fico presa nesse vai e vem? Por que eu ainda acho que em algum lugar elas ligam? É só falsa esperança; Ou burrice. Ou os dois
Mas aquele lugar também me traz lembranças de uma borboleta
Borboleta lilás fosforescente. Não parecia tão chamativa para alguns, mas se fazia ser vista. Borboleta, pequena, inofensiva. INOFENSIVA.
Pausa
A borboleta se transformou. Depois de borboleta. Se metamorfoseou. Pós-borboleta. Ela virou uma leoa. E pior, faminta
Eu admiro o voo da Borboleta-lilás-fosforescente. Mas não temo o rugido da Leoa. Eu não estou na linha de frente. Não estou ameaçada nem me sinto. Até por que, eu a desinteresso. Quem eu interesso, eu mantenho perto.
O que me faz retornar a Antigas amigas. Antigos relacionamentos. Antigos amigos, Antigos inimigos.
Nada importa, pois são antigos. A maré do passado constrói pedras deformadas no seu caminho.
Leve
A maré leva
Leve
Leve esse sentimento embora
Aos poucos
Leve
E nunca mais apareça na areia vestígio do que um dia foi.
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