Castanholas
- Clara Godoy
- 29 de mai. de 2024
- 1 min de leitura
Atualizado: 30 de mai. de 2024
Assim que as luzes caem sobre mim, o som da castanhola é o primeiro que se sobressai. E enquanto vou dançando sobre o palco, o vermelho e amarelo da minha bandeira, em um vestido clássico, se sobressai
Quando eu dançar valsa, por que seu olhar será tão angustiante? Se eu quiser dançar a valsa da vida em outro ritmo, fora de tom, e voltar a sua frequência, por que me impediria de quebrar o tom?
Eu dançaria pela extensão do palco pulando, suando mas sempre feliz. Meu sorriso iluminaria a plateia dos estados em que já fui e os que não fui. Mas em um lugar específico eu dançaria mais alto, e esse seria o seu estado
Naquela sala isolada, de um sítio, eu te convidaria para dançar valsa. Sozinhos, com a casa dormindo, à luz da lareira, dançaríamos a valsa que deveríamos. E quando seu rosto encontrasse o meu, só poderíamos trocar olhares, sem nunca avançar. Mesmo que você me levasse ao chão com o movimento.
A plateia aplaudiria, e eu não conseguiria distinguir sua voz pela multidão, depois de finalizada a apresentação, só a falta de fôlego restaria e a pose em que eu finalizaria. E você vibraria da sua cadeira.
Eu te beijaria, por mais proibido que seja. Mas seria fácil naquele momento, esvaziar minha mente e só pensar nos dois lábios encostando, e na valsa, e em nós dois. Mas sentiria culpa e você me olharia com desprezo. E no fim eu acordaria do sonho. De certo pesadelo, de certo realidade, de certo sonho, de certo obscuridade.
Comments