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Bossa Nova

  • Foto do escritor: Clara Godoy
    Clara Godoy
  • 1 de abr. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 12 de abr. de 2024

Eu estou escutando um álbum antigo, pensando nos momentos também antigos. As coisas novas viram passado muito rápido e eu permaneço aqui, cantando e dançando uma música de Tom Jobim, pensando em você. Olho pela janela bebendo o frio chá que fiz faz um quarto de hora. E as luzes fortes da quadra na minha frente brilham, queimando meus olhos.


A insensatez é aquilo que deveria evitar. Tentei ser sensata, tentei alcançar aquilo que queria. Tentei me impor, tentei salvar o que teci. Mas o tecido rasgou por que nunca foi forte suficiente. E eu, dançando pela vida, novamente, me encontro dançando sozinha, mesmo que deseje estar nos seus braços.


Por favor, vamos trocar e dançar juntos mais uma vez? A valsa não é mais a mesma, por que nesse ritmo de bossa nova eu estou dançando sozinha pelo salão, e você, medroso, se escondendo por trás dos seus próprios olhos tristes. Tenho que agradecer que meu sofrimento não me tornou uma pessoa mais parecida contigo. Por que dentro de mim, apesar da dor, me sinto livre do que sofri. E apesar dos meus medos e inseguranças, eu enfrento o mundo melhor agora, não me escondo por trás da confusão de não saber o que sinto, ou sentir que minha vida não faz sentido. Minha vida é linda e quero vivê-la, seja no Corcovado, seja nos becos iluminados da cidade de São Paulo.


Eu estava perdida e solitária, e nos meus amores de noites embriagadas, chorando olhando para a lua, eu pude entender a felicidade dos pequenos momentos. Não a felicidade trazida por outra pessoa, mas a felicidade sozinha, por me amar. Mas ainda sim, penso em você.


Nessa noite escura, penso se você estará segurando ela no futuro. Por que me contar dos seus sentimentos e me magoar, mesmo que seja pela sinceridade. Por que agradar uma pessoa que se desespera no amor, e no amor dado, não te deu o valor que você merecia. E por que eu, que fiz as coisas certas, fui levada por trás, fui passada, em dois dias o que em 30 estava claro. O que estava feliz em 30 dias logo se desapareceu, e só restaram as fotos da minha memória que seu celular roubado nunca conseguirá ter. Sobrarão apenas memórias vazias por que agora não há duas pessoas para dar razão e sentido á elas. Agora só sobrarão restos, na noite apaixonada e escura, só a luz da lua refletida na xícara de chá e as melodias de bossa nova, enquanto eu navego pelas músicas que cantávamos juntos.


Penso se quero me apaixonar novamente, se conseguirei. Penso se será suficiente amar como amei todos os outros e que recentemente, não tenho recebido o amor que mereço. O amor calmo e seguro que eu desejo que está longe de vir. A insensatez novamente me acompanha ao pensar nesses cenários fictícios, que me deixo sonhar o dia todo. Apesar de preencher meus dias com quem eu amo, a ansiedade continua me acompanhando. Apesar de sempre ter minha música comigo, penso em você quase todo dia. E o destino ter sido cruel comigo novamente me deixa sóbria. Ele sempre foi.


Ontem percebi que minhas amizades, no meio que cresci, nunca foram reais. E ele que me disse que eu precisava de mais apoio sendo que ele mesmo não sabia fazer com seus próprios sentimentos. Ele mesmo, você mesmo, que do amor não entende nada, nem de seu próprio sentimento, que me enganou e me amou intensamente, se sequer me amou, pela temporada que queria. Mas o sofrimento e o amor voltaram e você se rendeu novamente ä saudade. Meu amor valia um troco de pinga, foi trocado tão rápido e sem o menor acaso. Meu amor valia uma moeda barata, e o sentimento valia que nada, e o que fez comigo é imperdoável, mas de caso pensado.


Naquele dia você me disse que nunca mais iria me merecer. Você me invalidou tanto propositalmente, para nunca mais ser uma opção? Poderia ter sido sincero e carinhoso, honesto. Mas longe, ao longe, longe, me deixando sozinha. Seu rosto não aguentaria minhas lágrimas e meus sentimentos. Tão rápido quanto um sambinha você se foi sem arrependimentos, E me disse que não doeria, que você esqueceria rapidamente ao lado da sua amada. Que o mês que me amou de nada valia.


Me pergunto se todo esse amor doentio, a sua amada aceitou. Você trocar ela, tentar seguir em frente e cambalear que nem um bêbado, machucando quem passasse pela sua frente. Mesmo?


Você é um pequeno ratinho. E chegou o dia em que a serpente de metal foi complacente com o ratinho de água. Ele era volátil. Ele atacou sua solidão e sua sensatez. E agora o que resta é uma sensação de vazio estranha, preenchida pelo amor da serpente por si mesma. Sua vaidade, mesma, mais forte. Sua beleza, estonteante. Mas dentro de seu coração, a confusão que a água causou não termina. Agora tudo é vazio, sem sentido. Parece que uma parte dela foi embora, que durante um longo e intenso mês de verão o inverno chegou mais cedo, Ela perdeu seu parceiro e agora, mil ratinhos tentam a fazer amar de novo. Mas ela sente vontade de devorar todos, confusa, e sua mente perturbada. É isso que o amor faz com as pessoas.


Mesmo insensato, o amor acabou. E agora só sobram as noites inquietas, os dias longos, as nuvens e os dias azuis. O outono chegou de novo, e logo o inverno. Meu inverno será meu repouso, minha hibernação. Meu crescimento pessoal


E a você, caro leitor anônimo, se um dia chegar a ler. O leitor que me abandonou no final do ano e me deixou a mercê em fevereiro, a ser machucada novamente, e ao meu antigo amor, obrigada, os dois. Estão seguindo em frente com outras mulheres, e não ficar com vocês mais me permite ser eu mesma. Por que no final, meu parceiro na bossa nova está me vendo dançar sozinha no salão. E um dia ele se juntará, perdendo a vergonha. E para ele, para imaginar uma pessoa perfeita para mim mesmo que seja cheia de defeitos próprios, é por ele que espero. Que um dia ocorrerá.


Enquanto espero, por que não dançar no quarto escuro? Da varanda, ver a cidade iluminada. São Paulo, te amo.




 
 
 

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