Atrás das Cortinas
- Clara Godoy
- 29 de out. de 2024
- 1 min de leitura
Hoje, vi as cortinas tremulando nas janelas da casa. E percebi o quanto tempo se passou desde que eu notei o vento.
Talvez hoje eu não seja mais a emissária do Caos. Talvez hoje eu seja, simplismente, uma pessoa. Em um mundo mortal, em uma casca mortal, em um dos muitos corpos que minha alma já abrigou
Talvez, durante aquela semana, eu quisesse respostas. E posso ter as conseguido, mas estou perdendo tudo. Perdendo as relações, perdendo a família. Percebendo que tudo é inútil
Me desculpe vó, vou renegar esse caminho por agora. Não posso, ainda, cumprir o que sinto que quer de mim. Não tenho força física e mental para isso. Mas eu vou ficar feliz em deixar uma carta em seu oratório. Quando ela for lida, será uma boa hora.
Espero que meu futuro seja brilhante à frente. Que novos encontros me deixem extasiada. Que novos recomeços me guiem. Que a luz do sol e da lua abençoem meu caminho. Que me dêm forças para os meus novos desafio.
Mas tudo isso é intangível. Enquanto luto contra os demônios invisíveis que me assolam, as pessoas que mais me amam, não conseguem fazer o mínimo para garantir a minha segurança. E, novamente, eu mesma tenho que me resgatar.
Senti o vento uivando nas janelas, me dizendo o papel que tenho a cumprir. Não posso renegar de, em algum momento, cumprir com as palavras a mim sussurradas.
Fecharei a janela. Silenciarei as vozes, Hoje, não posso as escutar.
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