Estranhos um ao outro
- Clara Godoy
- 8 de jan. de 2022
- 1 min de leitura
Está cada vez mais fácil ficar animada. Embora eu não queira. Acho que me agarrar a tristeza é o único pedaço que sobra do meu destino inevitável
Não posso ficar brava. Não tenho motivo pra ficar brava. Não tenho motivo para questionar seus motivos, ou saber a quantos dias isso se passava pela sua cabeça. Sou temosa, e não quero seguir seu conselho. Não quero seguir em frente pois sei que a frente não há muita coisa. Tenho medo de estar sozinha, embora tenham mãos amigas, não quero me afogar na solidão como antes.
Sentir sua falta é como um sentimento agridoce. Não fico triste que sinto sua falta, mas ao mesmo tempo fico anestesiada. Esqueci de um tempo em que estava sozinha e tinha desistido de becos sem saída. De uma pandemia que me engoliu como um todo em um lugar escuro que tive que sair
Continuo respirando, e continuo vivendo. Aos poucos esquecendo sua voz e seu rosto. Por mais que doa, um dia elas vão desaparecer. E nenhuma memória vai sobrar de você.
Até lá, no fundinho da minha mente, mantenho os momentos felizes e as risadas. A tristeza e a brigas também fizeram parte, mas prefiro deixá-las de lado. Nada nunca é perfeito, e isso não foi exceção.
Sinto saudades da sua risada baixinha. Queria que risse novamente. Não sei se está rindo, chorando. Se sente minha falta ou se tudo foi um sonho e agora você acordou. Não sei se um dia te encontrarei de novo, se um dia me apaixonarei por que esqueci seu rosto e nome, ou se para toda eternidade, permaneceremos estranhos um a outro.
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