Outono e Inverno
- Clara Godoy
- 21 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jan. de 2022
Hoje escrevi um novo texto. Saudade de escrever novamente, então pensei no blog. Eu tinha abandonado esse blog mas pensei em voltar, por que é divertido. O texto é em formato de prosa poética! Espero que gostem!
Outono e Inverno
O outono sempre chega. Ano após ano, as flores murcham, as folhas caem, e todos sentimos a brisa fria batendo em nossos rostos. Esse ano o outono veio mais cedo, como se estivesse esperando que meu inverno se adiantasse também.
Perdida em pensamentos, eu volto minha atenção para aquele que me mantinha sã. Penso nele, como se na primeira vez, nervos à flor da pele, com raiva de um desconhecido, sem rosto e sem nome para mim. Agora o nome e o rosto me dão calafrios. EU rio sozinha da minha bobice. Nada pode ser sério quando dura 18 dias
Talvez esses 18 dias significaram mais para mim do que para ele. Mas eu não senti isso. Como eu queria que isso não tivesse acontecido. Não é desgosto suficiente nas minhas veias, dado que estou engasgando com as palavras mais do que antes. Talvez minha mente não tenha passado pelas fases de luto que requerem de mim que esqueça esse capítulo da minha vida, para sempre. Seria eu reconquistada pelas garras sedutoras da morte, subindo em um prédio alto comprovando que, de fato, eu não posso voar?
Saudade de um tempo mais simples, em que eu era criança e não sabia o que era amor. Assim, eu nunca me machucaria. Mais acredito que não podemos ser crianças para sempre. Quem dera eu…
Sozinha com meus pensamentos, navego até meus amores passados. Pelo visto, não precisei ver seu rosto para sentir a dor que estou sentindo, embriagada pelas lágrimas que não param de rolar, como se obrigadas. Foi assim com o primeiro, com o segundo, será com todos. Se bem que, com um eu estava preparada, teve outro que eu não chorei ao abandonar, e um que eu chorei, mas ele não se importava. Não posso voltar a ele, não, meu abusador, o perfeito dono da dor. Por causa do término de todas as coisas do mundo, ele me chama de volta como um imã.
O dia estava bonito para uma tragédia. Adoraria ficar no parapeito da janela, cantando minhas mágoas para os pássaros, mas o sol machucou meus olhos. O dia estava bonito demais… Sozinha e vulnerável. Sozinha… Acho que de fato, nunca vou me acostumar com essa solidão. Eu gostava de estar sozinha antes, mas agora, o peso da minha solidão é tão grande que machuca as minhas costas, fazendo pressão nos meus pulmões. Mais um ataque de ansiedade. Não consigo respirar.
Maldito seja, por me deixar desse jeito. Maldito seja, pelo amor que roubou de mim, agora uma parte de mim mora em ti, e sem ela sinto que vou explodir. As palavras não são suficientes para que eu expresse o tamanho que era o meu amor. Não, ainda agora sinto amor, sinto muito amor, e dói. Como dói.
Dentro daquele espaço não sou nada. Nunca deveria ter entrado, nunca teria conhecido às pessoas que conheci. não me arrependo, mas olhando para trás, se tirasse meu sofrimento, ia ter sido para o melhor
Sinto a tristeza mais forte toda vez que leio seu nome. Uma maldição que demorará a se curar. Meu coração estava aberto, eu estava ansiosa, estava ansiando. Deveria ter esperado, como o tarô me disse, não teria me machucado. Mas, talvez eu tivesse me apaixonado do mesmo jeito. não consigo dizer mais. O que é real? o que não é real. E por que, porque dói tanto meu coração. Porque toda vez sinto vontade de chorar, minha cabeça dói mais e mais. Cheguei ao purgatório e essa é minha punição. Não consigo criar vínculos que duram, eles não aguentam mais de 1 mês, se rompem. 4 dias ou 18 dias pouco importa. Meu coração vai se fechar. não vou me machucar.
O inverno chegou mais cedo. As flores do meu coração, agora estão podres. Nada mais vale a pena, quando não posso ver seu sorriso. Agora me fecharei, não aguento a dor. O insuportável se tornava indolor com você. Mas sem você, perdida, esqueci até como se respira.

Obrigada Linda!
Dá pra sentir a agonia com você! Maravilhoso, Clarinha! Você escreve muito bem ❤💕