O Acordo
- Clara Godoy
- 18 de mai. de 2021
- 2 min de leitura
O acordo
Pouco sabíamos o que iríamos acordar. Só sabíamos que precisávamos daquele acordo. Aos ouvidos de um leigo era extremamente essencial. Mas para mim, eu não saberia dizer. Talvez as noites desvairadas, pensando tantas vezes nele, finalmente fizessem sentido na minha cabeça. Ou talvez eu estivesse apenas procurando uma maneira de escapar da loucura. Talvez fosse isso, afinal que me mantivesse sã. No final, eu teria que escolher. E sabia que eu não conseguiria.
Mas do que nunca, deixei meus pensamentos me levarem a ele. Soltos, desorganizados, como os fios do meu cabelo pela manhã. Pensava em como ele era bonito de manhã, o sol batendo em todo seu cumprimento. Não sei se dele, veria isso.
Minha mente passa por um turbilhão, com furacão, não sei mais nada não.
Estou perdida nessa tempestade, sem ter o que fazer. Se eu tento nadar, a correnteza me puxa. Se eu corro o vento me leva. Mas estaria eu no mar ou na terra? Isso depende do meu coração.
Quando mencionamos fatos essenciais a uma pessoa, esperamos que ela se sensibilize, que pense no fato, que dê sua opinião, não que procure uma marca. Meu corpo está todo marcado, queimaduras, cicatrizes e tudo. Mas ele deixou passar a informação. Minha carta de alforria foi jogada no fogo.
Queria poder sentir o vento da varanda. Ao contrário, me encontro presa a esse quarto escuro, sem perspectiva de sair. Para que abrir a janela e ver a linda vida lá fora, pássaros cantando, flores desabrochando se tampouco pode escapar? A torre é muito alta e eu não iria muito longe a pé.
Os anciãos se reúnem. Mas eles não podem me ajudar. Eles não sabem do plano
Do parapeito eu olho para baixo. O mais fácil seria pular, mas eu preservo a minha coragem. Enfrentar a vida é muito mais difícil. Mas será que os momentos de felicidade valerão a pena?
Lindo como sempre, Clarinha!!