Encruzilhada
- Clara Godoy
- 27 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
As palavras são confusas. O gosto delas, amargo. Sinto que algo está faltando, mas não consigo definir o que estou sentindo. Nem sei por que estou triste
Das noites observando a lua tem uma que gostei mais. Ela estava bem alta no céu fazia tempo, e enquanto me lembrava de sua exata posição, foi interrompida por um turbilhão de pensamentos e emoções. Dos toques e sensações, que de tudo, não imaginei que fossem. Mas eu estava errada, e sempre estou. Por que essa coisa que está faltando, me trará ao final. Eu pensei que seria um começo. O que falta, é o que sinto falta, é o que não sentiria mas agora não tem como esconder. Fugindo da minha natureza novamente, eu corro contra o tempo, pois já não consigo mais sentir.
Apesar de estar feliz, de dever estar feliz não estou. Porque a deusa não é nada mais que uma concubina, e aos olhos de outros, nada é certo. Meu olhar é incerto, mas o certo é que sempre me pareço encontrar em uma encruzilhada sem saber onde ir. Tenho futuros e possibilidades, mas se eu escolher uma rota, tenho mais chances. Mas essas chances se jogam para o alto com palavras. Palavras duras e pesadas, que eu não entendo por que são palavras finas, palavras que escorregam e não consigo pegá-las. Não se pode acreditar algo ser belo, para que possa vê-lo o dia inteiro. Mas poderia o algo belo ver a beleza? Poderia ele seguir em frente, poderia ele continuar sendo exatamente o que é? Poderia ele deixar tudo cair, e se espalhar, e inundar, o mar de coisas que passa dentro do ser belo? Por que não, não se pode. Porque às vezes guardar é a chave, mas se guardar é certo que desaparecerá. Um hora ou outra, cairá. E morrerá
Sinto falta do tempo em que não haviam caminhos cruzados. Quando tinha apenas uma coisa que me preocupava e nada mais. Agora brotam sobre mim perguntas complexas e tempos e pausas. E não sei mais por onde olhar
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