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Hiato

  • Foto do escritor: Clara Godoy
    Clara Godoy
  • 10 de jun. de 2021
  • 2 min de leitura

Palavra, palavra, palavra. Cansei das palavras. Por que já não as entendo, não mais compreendo, o que sai de dentro de mim. Nesta tarde senti uma amargura. Uma amargura inexplicável. Daquelas que te come a alma se não resolve. Daquelas que impõem paranoias em sua cabeça. Estava cansada, com a mente cheia, problemas, e mesmo assim perseverei. Aguentei. Até o limite


O limiar do inverno se aproxima. E junto com ele, minha dor volta. Todas as feridas conhecidas, que voltam a se abrir, no escuro, e no frio. Pois naquela tarde, pela primeira vez, o dia foi frio. E quando o dia é frio, desse jeito, do nada, é por que algo tem aí


Perguntas, perguntas, perguntas. Soltei as palavras, a mão solta escrevendo, com amargura no meu coração. E ele me perguntou. Paralisei. pergunta, pergunta pergunta. Não respondi. Talvez algum palpitar no meu coração tenha me dito, não responda, é armadilha. Não sei ao certo por que não escolhi responder. Mas fiz essa escolha.


A noite caiu, o clima esfriou e me vi sozinha. Novamente. Como em muitos anos tem sido, e com muitos ainda por vir. Ela me consome. Gostava de ser solitária. Agora o silêncio não é nada mais do que um emaranhado de vozes me chamando, me levando ao caminho final.


O que lhe diria? Ao meu talismã. Que Alpha 23 foi embora, que se entendia fácil que nem uma mosca? Claro que ela foi embora. Mas o que diria a ele? Como lhe explicaria o que eu chamo de fatos, de angústias, de mágoas, acumuladas de um tanto e meio sem sua atenção.


O que lhe digo? Que passo o dia sonhando acordada pensando nele? Que em toda minha vida, senti algo diferente, e que agora, mais do que nunca, odeio as regras? Que passo o dia todo aburrida, imaginando nosso futuro juntos? Para que lhe confessar isso? Se a primeira oportunidade que tem, escolhe não me atender. Te falarei que penso, em quando tudo isso acabar, te levar ao meu cinema favorito, e comer um balde de pipoca ao seu lado? Mas para que, se as minhas notificações estão bloqueadas.


Acontece, que o que não acontece na vida real de nada vale. Um dia, todas as pessoas que conheço por uma emissão de luz, desaparecerão na minha vida. Mas meu orgulho não quer que isso aconteça com você. Por que, no entanto, sinto que estamos nos aproximando disso.


Meu salvo conduto foi violado. Por que, agora que o país se encontra disposto a quebrar suas relações diplomáticas, eu sigo presa, sem poder escapar, por uma restrição legal. Não queria a liberdade a esse preço, de verdade.


Meu talismã, que tantas vezes pensei em acariciar os cabelos na cama, e chamar o seu nome, te olhando nos olhos. Você provocou um hiato. Não quero que seja o nosso fim.

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