A queda
- Clara Godoy
- 9 de mai. de 2021
- 2 min de leitura
A queda
Estou caindo, uma queda do céu pacífica. Eu deveria ter imaginado que isso iria acontecer. A minha queda. Nos seus conceitos, no seu coração. Caio deslizando por entre nuvens, com a graça que nunca tive. Percebo que, como animal, eu nunca poderia recusar a minha natureza. E a minha natureza é amar. Talvez amar demais, talvez amar a ponto de não se segurar.
Quando caí, tentei me segurar em seus braços, o mais forte que pude. Você me soltou. Da última vez que isso aconteceu, eu voltei para o céu sem cair, mas depois, meu amor virou uma fruta bonita por fora e podre por dentro. Um vazio inexistente. Sumiu sem deixar vestígios.
Eu sou um animal, não vou recusar a minha natureza. Mas não posso continuar o enganando desse jeito. Ele não gosta de mim, ele não me aguentará ao seu lado. Eu sou mais uma, não sou a mulher. As cartas me alertaram, mas ignorei. Queria fazer meu próprio destino. Falhei.
Tenho medo de contar os meus sentimentos.Do último homem que esteve nos meus braços e que eu fiz dele casca vazia. Que não havia mais nada a ser amado. Que não havia nada mais que amar. E eu acabei sem amor. Por esses últimos anos.
Por esses últimos anos tentei esquecer desses acontecimentos. Tentei me lembrar de tudo que aconteceu comigo. Mas meu coração é um cavalo arredio. Ele não me obedece, não importa o quanto eu tente…
Se eu fosse diferente, ele gostaria de mim, certamente. Duvido que isso vá longe porque eu antes morrerei. Certamente.
Caio pacificamente. O vento me faz bem. Sei que isso vai passar quando eu atingir o solo, e cair no poço novamente. Mas por enquanto, tenho que aproveitar esse sentimento. O vento por todo meu corpo, me fará renascer. Certamente

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