A desgraça de você // Sozinha novamente

Você. A desgraça de você.

Encheu a boca e a arrastou pelo salão de dança. Mentiras, exageros, ofensas. Rodou o salão dizendo tudo que conseguia falar sobre mim. Avançou sobre as mulheres, abocanhando seus pescoços com fatos irreais a meu respeito. E tudo isso, tudo isso para nada. Fiquei sabendo de tudo apesar de não estar presente naquele Baile. De tudo. Abençoadas sejam as amigas fiéis e os amigos infiéis.

Você. A desgraça de você.

Deveria saber daquele dia do parque. Ou quando no mesmo dia você me explicou como ficava quando cuspia para cima. Eu deveria imaginar. Que você ia agir da maneira infantil que eu achei que agiria. Como foi que você me disse mesmo? Ah, me lembrei. "Eu fiz terapia". Como se não valesse de nada. Como moeda de troca. E no seu caso, essa afirmação não valia mais do que centavos. O que realmente valia naquela sentença era o fato de você saber o que realmente era terapia. Por que depois de você me tratar como carreta que acumula o lixo do seu coração, os sentimentos ruins e todas as crises que você não conseguia controlar, tudo acumulava. E você, a desgraça de você, que jurou que eu tinha te jogado, aquele dia, nos destroços de um prédio em ruínas. Mas, mal sabia você, que você era aquele prédio em ruínas. Incendiado, e tentando apagar os vários incêndios que se espalhavam pela sua pele e o queimavam. Eu não quero queimar. Não mais.

Você. A desgraça de você.

Vamos ver o que acha da minha revanche.

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Engraçado. Estou ouvindo uma música. E ela me lembra de outra pessoa. Mas hoje, só consigo pensar em você. Em como você cresceu, nesse último ano. E como nos afastamos. Você seguiu em frente. Enquanto isso, eu estou aqui trocando cartas de tarot baratas, pulando de casinho em casinho. Pulando de cola em cola. Mas nenhum deles pode colar meu coração. Ele nunca se tornará o mesmo depois de ter sido quebrado tantas vezes.

E então, em meio aos seus amigos, naquela mesa barulhenta de bar, eu olhei para o céu. Eu pedi para a lua a orientação de que eu precisava. Eu orei por ela. Eu suspirei de alívio. Eu sabia que ela me conduzia para o caminho certo. Mesmo assim... o que eu estou fazendo? Por que tenho inveja de você? Por que me sinto desconfortável em saber que você seguiu em frente? Por que isso dói? Mesmo que não me mate. Mesmo que eu consiga controlar. Mesmo que eu saiba. Por que dói tanto?

Agora, ouvindo a música que não era sobre você, que me lembrava outra pessoa, mesmo assim, eu volto a pensar em você. Penso em como você está. Penso em como consegue rir tanto. Penso em como você tem passado. Como tem sido sua vida. Como tem passado... longe de mim.

Longe de mim

Você chegou naquele bar sem mim. Não passou na minha casa antes para me buscar. Mesmo morando longe. Não rimos no caminho do uber. Não pedimos drinks que acabaríamos dividindo. Não rimos juntos, não demos as mãos, não voltamos juntos. E você está aí, rindo, se divertindo. E eu percebo que eu ainda te amo. Mesmo que seja um pouco. E acho que essa é a sina das pessoas que são deixadas para trás. Talvez ainda ame muitas pessoas que me deixaram para trás.

Talvez eu seja o último dente de leão desse campo. Talvez só tenham flores do campo nesse vazio que chamam de gramado verdejante. Eu. Sozinha. Única.

Eu estou sozinha novamente.

Novamente

Sozinha