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Não existe espaço para amor- Parte 2

  • Foto do escritor: Clara Godoy
    Clara Godoy
  • 22 de abr. de 2021
  • 3 min de leitura

Continuação do texto anteriormente publicado: Não existe espaço para o amor


Não existe espaço para amor- Parte 2


Desejava não ter escrito, com tanto carinho, o texto que irei lhe dedicar. Desejava, não ser a pancada do imenso saco da tarde, naquela tarde. Por que eu entendo a última coisa que você disse. Não há espaço para mim. Mas isso não é sobre mim.

Você é 3 e eu também. Mas as cordas que sustentam seus outros eus, são bem mais fixas que nos meus. Quando a minha se rompe na fragilidade, me culpe. Mas quando a sua pronuncia as palavras, não consigo uma palavra soltar, congelada. Por que mal sabe, que eu acreditava estar conversando com a verdadeira. Mas se ela se mistura e me rejeita e ora me ama, para quê? Receber o carinho para sofrer um tapa dolorido no outro instante? Por que não ter espaço se não era isso que seria, o que eu queria. É fácil ter vivido e ser assim. Minha falta de vida me faz frágil. E as flores do meu quintal, quando você me dirige aquilo, me diz, fala, o que é? Quando você fala, apodrecem todas, em uma cacofonia do fim do ciclo da vida. Estarei viva ou morta nesse redemoinho de sentimentos?

Penso em você e te amo. Mas o que seria do meu amor senão taça frágil que pode ser estraçalhada com a facilidade que você tem? Por que ainda, mesmo depois de destruir, pega os cacos e enfia em mim, não suficiente para que eu não respire, mas o suficiente para que meu suspiro acompanhe um grito gutural de dor? Esquece que eu tenho corpo frágil, que por outros deixou forte, mas que agora é devoto e abriu a brecha? Quando segurei a taça para brindar. Morri

E o que seria essa morte? Sou o sussurro, a abelha em seu ouvido. Basta um tapa para me afastar. Te congratulo, pois a astúcia venceu. Não preciso de desculpas. Preciso, preciso, não quero. Não quero que á força e ao acaso. Por que no fundo não está errada. Mas se recusa a ouvir meu coração, como saberá? Como saberá que me causou tristeza. Não saberá, não quer saber. Não importa mais, por que, como você disse, não há espaço para mim. A pessoa desnuda que quis abrir o peito para lhe falar, agora perde confiança. Traidora. Agora pouco importa seu grito, sua dor. Por que ela não tem mais espaço. E onde ela vai existir, se não há espaço em casa? Se o lar lhe rejeita, o que fazer? Quando você não tem para onde rastejar, o que fazer? Sentir o frio da rua perpassar pela pele á noite? Ou será que haverá a bondosa alma que me salvará?

Vou implodir por conta desses sentimentos. Me enlouquece, você. Que desculpa você tem? Você se acha no direito? O que te daria esse direito? Me responda por favor. No fundo eu só queria esquecer seu rosto. Se ele não existisse não haveria isso. Não haveria dor, fuga, ou a simples melancolia de não possuir mais um lar. Cortar o mal pela raiz, e fazer o mesmo com o amor. Mas eu falhei, e agora essa falha se perpetua, me corroí e ri das minhas lágrimas, com a irônica cara, como se dissesse: eu te avisei. Não há cautela que pare o amor. E agora não existe mais espaço para o amor. Ou para mim.

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